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Porque não fazer o que Leo Dias fez com Bianca Andrade

A polêmica envolvendo o "jornalista" trouxe diversas discussões envolvendo fofoca e privacidade. Quando a informação é danosa, o conteúdo é válido?

No dia 22 de dezembro de 2020, o jornalista Léo Dias divulgou a notícia de que Bianca Andrade estava grávida de seu primeiro filho(a) com o namorado, Bruno Carneiro ("Fred", como é chamado publicamente). A notícia caiu como uma bomba atômica. Dias divulgou a informação em sua coluna no site Metrópoles. Ali, afirmou que através de "fontes", Bianca estaria, sim, na espera do primeiro filho.


Até aquele momento não existiam sequer especulações sobre a gravidez da youtuber. O público ficou em choque quando os instagrams de fofoca começaram a disseminar a notícia em efeito dominó. Tudo já parecia caótico, haja visto que a informação não tinha sido divulgada pela própria grávida. Porém, naquele dia ainda, com tudo à flor da pele e a curiosidade alheia em níveis estratosféricos, Bianca veio a público com o coração na boca e lágrimas nos olhos dizer que a notícia era de fato verdadeira. Conforme o desdobramento da notícia, a blogueira afirmou que ficou abalada com a situação inesperada. Havia contado apenas para seu namorado e sua mãe, mas tinha uma surpresa em mente para revelar à família a gestação de seu primogênito. Com a exposição antecipada do jornalista, os planos de Bianca foram assolados.


Toda comoção e exposição levanta um assunto sério: a vida da pessoa pública que, por muitas vezes, vira objeto de conhecimento comum. Explico: quando uma pessoa é famosa, a vida dela automaticamente vira assunto de interesse quase necessário para o público. Se quer saber se namora, quem namora, quando iniciou, como foi, etc. Os detalhes da vida privada passam a ser vigiados pelos olhos de todos. Assim acontece com muitas personalidades.


O caso da informação vazada sobre a gravidez de Bianca não é raridade. O mesmo já aconteceu com Tata Estaniecki e a cantora Zoo (Priscila D'avila). Nosso objetivo aqui é mostrar porquê essa situação é tão séria e porquê mulheres sentem-se violada ao terem esse tipo de informação vazada.


A mulher grávida e seu emocional


A gravidez é comumente conhecida por trazer à tona certas especificidades na mulher, desde o desejo de algo diferente até o nojo ao sentir algum cheiro. Esse comportamento está diretamente ligado ao sistema nervoso, aos hormônios ou até às necessidades fisiológicas pelas quais o corpo demanda uma atenção extra.


É claro que, se o nosso corpo altera nossos gostos e necessidades diretamente, também se espera o inverso. O corpo que demanda um doce, seja por qual for a razão, também é alterado quando o doce é ingerido. Assim, o organismo da mulher grávida se faz de harmonias e recompensas que vêm de tanto de dentro para fora quanto de fora para dentro.


Quando falamos da mudança do exterior para o interior estamos falando de situações sociais que interferem no corpo. Se a relação do casal é conturbada, se o pai não aceita a gravidez, se os avós não a apoiam, enfim, qualquer situação turbulenta é um potencial estressor que irá ativar regiões cerebrais que estimulam, ou não, a produção de hormônios, alterando fisiologicamente o corpo da gestante. Como a mulher está muito vulnerável e com mudanças constantes no seu corpo, qualquer interferência externa pode causar uma turbulência emocional e biológica.


Quais problemas podem causar eventos estressores?


O primeiro problema é referente ao estresse agindo em pessoas, independente da gestação: o desbalanço emocional. Quando passamos por estresse com frequência e, até mesmo, quando este ocorre com um evento específico, nosso corpo se sente ameaçado e automaticamente arma suas defesas. Os principais efeitos a longo prazo são a elevação das concentrações de dopamina e adrenalina, podendo fazer efeito por alguns dias, ou até meses, gerando um estado de hipervigilância, batimento cardíaco arrítmico, aumento da pressão arterial, aumento do metabolismo e propensão à irritabilidade aguda.


Fora muitos outros fatores e sintomas que podem prejudicar a saúde, se tornando potenciais gatilhos para depressão e ansiedade, chegando a estágios graves e até mesmo culminando no transtorno de pânico. Além disso, o quadro clínico de mulheres gestantes também pode sofrer pioras. Já que o estresse tem efeitos semelhantes à canela, que em forma de chá é conhecida como um abortivo, ela aumenta a pressão sanguínea e o metabolismo, estimulando a menstruação.


Sendo assim, as alterações fisiológicas podem representar males potenciais para a criança. Por conta disso, da mesma forma que se é recomendado para mulheres grávidas que não façam a ingestão de grandes quantidades de canela, elas também não devem passar por episódios de estresse agudo durante a gestação.


Por que não fazer o que Leo Dias fez com Bianca Andrade?


Tendo em vista tudo o que foi dito, é óbvio que o estresse acentuado nesse período tão delicado é extremamente prejudicial tanto à mulher quanto ao seu bebê. Então, é sempre bom ressaltar que, antes de ocasionar qualquer situação potencialmente estressante, como Léo Dias fez ao divulgar a gestação de Bianca, pensemos na saúde do próximo, e não apenas em um furo de notícia ou uma manchete aterradora.


O ápice do egocentrismo e individualismo da comunicação é utilizar de um momento alheio, individual e especial para os envolvidos, para mercantilização máxima da informação.

A mídia é um ponto em que diversas vivências e experiências se unem, seu poder é gigantesco e tem um potencial tanto construtivo quanto destrutivo. A partir do momento em que pessoas como Dias usam dessa relevância para ignorar o sentimentos e usurpar um conhecimento particular e sensível, elas ferem os preceitos mais básicos de uma comunicação saudável e ética.


Portanto, é fundamental que os jornalistas tenham essa noção simples, ou óbvia, para preservar seus objetos de notícia e, dependendo do caso, até mesmo achar uma escapatória que seja benéfica para todas as partes. A matéria prima da profissão é a informação e como ela é veiculada, se esse caminho é destrutivo e não reparador, damos um passo para trás na construção de uma percepção de comunicadores como exemplo e avançamos em uma comunidade que prega o espetáculo e a frieza em prol de números, relevância e engajamento.

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